quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Temporada de Mergulho em Fortaleza - Água limpa!

(Tubarão Lixa no Cabeço do Balanço, 18m. Foto: Marcus Davis. Todos os direitos reservados.)


Na manhã terça-feira fizemos uma operação especial com um casal de mineiros em que fizemos o reconhecimento dos pontos de mergulho para nos prepararmos para o início da temporada de mergulho em Fortaleza que vai de fevereiro a julho.

Embarcamos as 8:00 com mar calmo e vento brando com destino ao Naufrágio do Titanzinho onde fizemos um mergulho de aproximadamente 25 minutos de fundo. Constatamos uma visibilidade de 5 m e grande diminuição na vida marinha neste naufrágio: os sargos-de-beiço que sempre ficam nos porões sumiram e apenas alguns robalinhos ainda estão lá. Parace que a boa visibilidade também atrai visitas indesejadas. No entanto cardumes de xilas, galos e parús encantaram o mergulho.

Depois, seguimos com destino ao Parque Marinho da Risca do Meio onde fizemos mais duas imersões de aproximadamente 25 minutos de fundo. O mar estava calmo como uma lagoa, a temperatura da água extremamente agradável e a visibilidade melhor ainda: 15 m!

Muita vida marinha: cirugiões e dentões de bom tamanho, cardumes de parús, xilas, galos e um pequeno lixa em uma das locas. Sem contar com as pequenas lagostinhas que enfeitam o recife.

Nada como um excelente dia de mergulho!

(Peixe-Anjo, Cabeço do Balanço, 18m. Foto: Marcus Davis. Todos os direitos reservados.)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Mapa de Mergulho do Litoral de Fortaleza - CE

(Mapa de Mergulho do Litoral de Fortaleza-CE. Todos os Direitos Reservados.)

O Mapa de Mergulho do Litoral de Fortaleza-CE é resultado de um projeto realizado em 2006 que consistiu na catalogação de pontos adequados para prática de mergulho na capital.

Estão cadastrados 40 pontos de mergulho e locais de interesse em uma área que vai da da Praia do Cumbuco a Fortaleza. No mapa colorido em tamanho “A3” (29,7 cm x 42 cm) são disponibilizadas informações sobre a “temporada” de mergulho, ou seja, dicas sobre a melhor época para prática de mergulho no Estado bem como um breve texto informativo sobre cada local cadastrado contendo profundidades e características do relevo.

É uma importante ferramenta para consulta na hora de planejar seus mergulhos no litoral cearense! Também pode ser emoldurado para enfeitar sua sala de estar ou biblioteca!
O Mapa de Mergulho do Litoral de Fortaleza-CE é um produto exclusivo do Clube do Mar do Ceará e pode ser adquirido através do telefone (85) 98744-7226 / 99764-6553 ou em nosso escritório.

Voce também pode nos enviar um email mardoceara@gmail.com


(Detalhe do Litoral de Fortaleza. Todos os Direitos Reservados)


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Investimento: R$ 30,00 + frete (correios)


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domingo, 17 de janeiro de 2010

Dispositivos de Sinalização - Uma segurança a mais no mergulho

(Salsicha Sub, dispositivo de sinalização. Essencial para mergulhadores no Mar do Ceará.)


O mar do Ceará é famoso entre os mergulhadores do país. Não é bem a fama que gostaríamos de nos orgulhar, mas é merecida. Os fortes ventos e correntezas que assolam o litoral tornam o mar agitado e a navegação difícil, características incompatíveis com a prática de mergulho recreacional.

Mas nem tudo está perdido no mar do Ceará. Entre fevereiro e junho os ventos diminuem de intensidade e acalmam as ondas. Nesse período a água "limpa" chega à costa e começa a temporada de mergulho. É possível mergulhar com alguns metros de visibilidade dentro da Enseada do Mucuripe. Em mar aberto condições ainda melhores aguardam os mergulhadores.

Mas mesmo no período de mar "calmo" não podemos esquecer de estar atento à segurança. Dispositivos de sinalização de superfície são itens obrigatórios para aqueles que desejam se aventurar no mar do Ceará.

A maioria dos pontos de mergulho do Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio são recifes planos que se entendem por até centenas de metros com poucos referenciais. Isso dificulta a orientação subaquática por mergulhadores com pouco treinamento ou que não conhecem o "ponto". Associado a isso temos as fortes correntezas que podem fazer com que um mergulhador "desgarrado" ou uma dupla desorientada se distanciem rapidamente do ponto onde fica ancorado o barco de mergulho.

Ao se distanciar do barco o que fazer? Aqueles que portam dispositivos de sinalização provavelmente serão facilmente localizados e resgatados pois terão um meio de chamar a atenção da tripulação do seu barco.

Os dipositivos de sinalização podem ser sonos ou visuais.

Entre os sonoros podemos citar:
  • Dive Alert - é um pequeno dispositivo que acoplado a mangueira do power inflator do colete equilibrador utiliza o ar proviniente do cilindro para emitir um apito extremamente alto.
  • Apito - De fácil aquisição. Item obrigatório para mergulhadores do mar do Ceará.
Entre os dispositivos visuais temos:
  • Salsicha Sub - bóia com formato tubular, normalmente de cor laranja que pode ser facilmente inflada através de um pino tipo câmara de pneu.
  • Deco Maker - Parecido com o Salsicha Sub, ele facilita a descompressão à deriva e ainda sinaliza que há mergulhadores na água. É aberto em uma das extremidades.
  • Strobo ou Luz Pirotécnica - dispositivo à prova d'água que emite uma luz branca intermitente. Normalmente utilizado em mergulhos noturnos para sinalizar a localização do barco.
  • Espelho - Um pequeno espelho, ou mesmo um "cd" podem funcionar como dispositivos de sinalização quando usados para refletir a luz do sol contra os resgatadores.

Cada mergulhador deve portar no mínimo um dispositivo de sinalização, sonoro ou visual. Para o mar do Ceará o ideal seria um de cada tipo. Um pequeno, mas potente, apito pode evitar maiores problemas. Lembrem-se que mergulho divertido é mergulho seguro.



Texto e fotos: Marcus Davis

Fonte

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Fauna Marinha Cearense - A Lagosta

As principais espécies de lagostas que habitam o fundo do Mar do Ceará são a Lagosta Cabo Verde e a Lagosta Vermelha. Juntas elas são responsáveis por 75% da produção nacional. A carne da cauda da lagosta é extremamente saborosa e considerada "nobre".
A pesca destre crustáceo está em declínio. A prova disso é que a "temporada de defeso" da lagosta (época em que a pesca é proibida para a reprodução e restauração das colônias) aumentou de 3 para 8 meses nos últimos 7 anos.


Lagosta Vermelha

Nome Comum: Lagosta Vermelha, Verdadeira, Comum ou Espinhosa.

Nome Científico: Panurilus Argus

Família: Palinuridae

Tamanho Mínimo p/ Consumo: 13cm de cauda

Distribuição Geografica:
Atlântico Ocidental – Carolina do Norte até a Flórida, Bermudas, Golfo do México, América Central, Antilhas, norte da América do Sul e Brasil (Fernando de Noronha, Rocas e do Pará até São Paulo, em Sergipe são capturados ocasionalmente), Atlântico Oriental – África (Costa do Marfim).

Descrição:
Vive em recifes, entre as rochas, esponjas em crescimento ou entre coisas que lhe ofereçam proteção. Do entre-marés até 90 metros de profundidade. Espécie gregária, vivendo em grupos. Carapaça com fortes espinhos longitudinais mais ou menos regulares, espinhos supra-orbitais grandes, comprimidos e curvados para cima e para a frente. Olhos grandes e proeminentes. Antênulas quase 2/3 do comprimento do corpo, com flagelo externo mais curto e grosso do que o interno, ciliado distalmente. Segmento antenal com par de espinhos na frente. Antenas grandes e pesadas, pedúnculos com vários espinhos fortes e com pequena sub-quela na quinta pata. Abdome liso, com somitos cruzados por sulcos interrompidos no meio. Pleópodos ausentes no primeiro somito abdominal. Divisão proximal do télson com alguns fortes espinhos. Abdome com manchas ocelares amareladas.


Lagosta Cabo Verde

Nome Comum: Lagosta Cabo Verde

Nome Científico: Panulirus Laevicauda

Família: Palinuridae

Tamanho Mínimo p/ Consumo: 11cm de cauda

Distribuição Geográfica:
São encontras na área entre marés até 50m de profundidade. No Brasil são encontradas em Fernando de Noronha, Atol das Rocas e do Pará até São Paulo.

Descrição:
Vive em recifes, entre as rochas, esponjas em crescimento ou entre coisas que lhe ofereçam proteção. Espécie gregária, vivendo em grupos.



Fontes

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Guerra da Lagosta em Icapuí, CE – A Revolta de Redonda

(Palavras de ordem pintadas em um dos barcos "apreendidos" na Praia de Redonda, em Icapuí-CE)

Aconteceu durante a temporada de pesca da lagosta, no segundo semestre de 2009. Os pescadores artesanais da Praia de Redonda, município de Icapuí, se revoltaram contra o método de pesca com compressor que é ilegal e é praticada por outros pescadores na mesma localidade.

Os pescadores artesanais utilizam os manzuás que são armadilhas feitas por eles para a captura da lagosta. Eles colocam as armadilhas no mar com as iscas e retornam um ou dois dias depois para conferir o resultado. Chegam a pegar dezenas de lagostas por manzuá no início da temporada. Este método de pesca é utilizado em todo o litoral cearense e é permitido por lei.

Já os pescadores de compressor usam equipamentos de mergulho rudimentares – os compressores de ar – instalados nos barcos para mergulhar até o fundo do mar respirando por mangueiras e capturarem as lagostas. Este método predatório de pesca tem gerado grandes conflitos em todo o litoral brasileiro. Além do risco extremo que os mergulhadores se submetem por não conhecerem as técnicas corretas de mergulho, é considerada uma forma desleal de pesca porque proporcionam a captura de colônias inteiras do crustáceo. Pesquisadores afirmam que a pesca com compressor é o motivo do “sumiço” da lagosta nas praias do litoral cearense. Várias colônias de pesca já se renderam às “facilidades” da utilização do compressor.

A Praia de Redonda em Icapuí é talvez um dos últimos redutos de resistência. Nesta última temporada de pesca o clima esquentou. Pescadores artesanais se revoltaram contra a pesca desleal. Fecharam as estradas de acesso à praia, atearam fogo em dois barcos a vela e um a motor e retiram seis outros barcos da água – inclusive o do vice-prefeito e o de um vereador sob a alegação de que todos eles estariam utilizando compressores para pescar lagosta. As embarcações estão "apreendidas" e podem ser vistas amontoadas e danificadas à beira mar. Estas ações foram noticiadas por vários jornais em outubro e novembro de 2009.

Sob pressão o Ibama realizou várias operações de combate à pesca ilegal na região. Além da logística em terra, uma lancha rápida equipada com dois motores de alta potência foi empregada para perseguir os infratores em alto mar. A bordo da lancha-rápida mergulhadores de resgate do Corpo de Bombeiros do Ceará para se certificar de que nenhuma “prova” fosse descartada no mar pelos infratores. Prisões foram realizadas em baixo d’água pelos mergulhadores do CBCE em um exemplo magnífico do correto emprego das ferramentas do Estado no combate a pesca predatória.

(Barcos "apreendidos" na Praia de Redonda)

Apesar das inovações poucos barcos foram apreendidos. A “Revolta de Redonda” parece ter sido mais eficiente do que todo o aparato do Ibama. Talvez a solução seja educar em terra ao invés de perseguir no mar.


(Barco do vice-preifeito e do vereador, autoridades envolvidas na Guerra da Lagosta, Icapuí-CE)


Texto e Fotos: Marcus Davis

Patrimônio Histórico Ameaçado em Ponta Grossa, CE

(Marcas dos pneus sobre sítios arqueológicos. Dunas de Ponta Grossa, CE)
Em muitas localidades do litoral cearense a pesca vem dando espaço ao turismo como principal atividade de subsistência. Quando praticado de maneira sustentável, o turismo deve ser estimulado e desenvolvido. É o que acontece na praia de Ponta Grossa distante cerca de 190 km de Fortaleza. Os moradores desta pequena vila esperam que o turista respeite o lugar e geralmente é o que acontece. “O turista que vem pra Ponta Grossa, procura calma e sossego. E é isso o que ele encontra aqui”, disse Dona Santana, proprietária da Pousada Canaã. Praias de cartão postal e muita hospitalidade é o que o turista vai encontrar em Ponta Grossa.

Além da tranqüilidade encontramos os mistérios. Dezenas de sítios arqueológicos existentes na região tornam o lugar ainda mais fascinante. Josué Crispim, arqueólogo amador e curador do acervo do futuro Museu de Ponta Grossa, disse que em breve será publicado um livro sobre os mistérios do lugar, projeto que só pôde ser realizado com financiamento privado. No acervo estão artefatos indígenas, pontas de flecha, porcelanas francesa, inglesa, holandesa e de outras nacionalidades, garrafas, âncoras, ossos de baleia, etc. Josué guarda tudo isso na garagem de sua casa. “Eu vou encontrando esses materiais e trago pra casa pra não se perder”, disse.

Foi inicialmente impedido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) de coletar estes artefatos porque estaria descaracterizando os sítios arqueológicos. Atualmente Josué foi finalmente reconhecido como guardião do acervo que possui e recebe um salário pelo trabalho que desempenha. O trabalho deste nobre senhor nada mais é que um resgate da cultura pelo próprio povo.

Apesar de reconhecido Josué enfrenta várias dificuldades. O apoio financeiro é pouco e muitas vezes atrasa. É uma grande ironia visto que seu trabalho de resgate do nosso patrimônio histórico não tem preço.

Além da falta de apoio uma outra ameaça: os passeios de buggy, motocross e mais recentemente os quadricículos motorizados estão destruindo os sítios arqueológicos. Os buggys vêm de Canoa Quebrada repletos de turistas que almoçam em um dos três restaurantes da vila. O turismo estimula a economia local, mas o trajeto que os guias insistem em fazer passa justamente sobre locais que foram habitados por civilizações pré-contato a centenas de anos atrás e ainda guardam relíquias do patrimônio histórico da humanidade.


(Rastro dos veículos nos sítios arqueológicos: Patrimônio ameaçado!)

A solução parece simples, mas não é. Bastaria apenas mudar o trajeto, mas um dos sítios fica mesmo na subida de principal duna de Ponta Grossa e os guias tem que passar por ela quando fazem o passeio “com emoção” em que realizam manobras arriscadas nas dunas. Em países de primeiro mundo o trecho teria sido imediatamente interditado, sem conversa. No Brasil, existem leis de conservação de áreas costeiras que impede o tráfego de veículos motorizados não credenciados em dunas e falésias, mas em prol do turismo, a lei não é aplicada.

Para Josué essa é uma briga antiga e afirma que até já foi ameaçado de morte por tentar impedir a passagem dos buggys pelo local. “Uma cerca já foi colocada para parar a passagem dos veículos, mas foi logo arrancada pelos bugueiros. Tem guia aí que se me vê na praia, passa por cima”, afirma.

Em uma breve caminhada pelos sítios arqueológicos de Ponta Grossa observamos o estrago feitos pelos veículos. Marcas dos pneus sobre as dunas evidenciavam a destruição de nosso passado. Um pedaço de cerâmica produzida por nossos ancestrais possivelmente a centenas de anos, estraçalhada por um desses veículos.

Enquanto as autoridades não se manifestam nós é que saímos perdendo. É a nossa história que está sendo atropelada diariamente nas dunas de Ponta Grossa, no país do futebol.


(Cerâmica indígena destruída em um dos sítios arqueológicos.)


Texto e Fotos: Marcus Davis