domingo, 20 de setembro de 2015

Bússola: o que é e como usar

A bússola é um equipamento essêncial quando o mergulhador não possui referências visuais

A bússola é o equipamento mais antigo usado não somente por mergulhadores, mas por navegadores e em terra também. Sua invenção data de 2000 a.C. sendo aperfeiçoada ao passar dos séculos. Mergulhadores tem a bússola como um instrumento que não pode faltar na hora do planejamento de seu mergulho, é sempre bom tê-la sendo em mergulhos recreativos à avançados, em locais conhecidos e não conhecidos pelo mergulhador.

Orientação Subaquática
Existem três formas de orientação sob a água: o natural, em que o mergulhador pode ir sem instrumento de direção algum só com sua experiência de localização, com a visualização de aspectos naturais como rochas e corais. A forma chamada de instrumental em que o mergulhador olha atentamente para a bússola, sem observar ao seu redor. E a forma prática em que o mergulhador juntas as duas formas anteriores para assim observar o lugar em que mergulham e seguir a bússola.


O que é
O aparelho consiste em uma caixinha de material transparente com um líquido, um óleo que tem como finalidade dar estabilidade á agulha, em seu interior, a cápsula, dentro dela existe uma peça metálica chamada de agulha que é equilibrada sobre um eixo que tem livre movimento. Essa agulha magnetizada aponta sempre para o pólo norte magnético da Terra. Isso ocorre devido a grande quantidade de ferro derretido no interior da Terra, funcionando como imã e atraindo a agulha magnetizada da bússola. Também possui uma linha vermelha ou preta, a linha de referência, que dá ao mergulhador a opção de seguir uma direção em sua trajetória. Nas bússolas para mergulhadores é normal que venha envolta da lente uma anel rotativo graduado, que também indica a graduação da circunferência, os azimutes.

Como usar
Uma forma de se usar é com o instrumento colocado no pulso como um relógio, se usado no braço direito você segura em seu braço esquerdo que deve ficar esticado, o cotovelo direito deve estar em um ângulo de 90º com o "eixo central" do mergulhador, deixando a bússola mais estável com os movimentos da água. Ainda em superfície da água aponte a linha de referência para o ponto em que deseja e marque a posição com o anel rotativo graduado. 

Quando submergir terá seu ponto de referência marcado em sua bússola, assim você deve colocar seus braços na mesma posição e observar se a linha de referência está alinhada com o anel rotativo graduado, se não estiver você vai observando atentamente o seu instrumento e mudando sua direção até que eles estejam alinhados e você estará na posição correta.

Norte Geográfico e Magnético: qual a diferença
A Terra é um grande imã, funcionando com magnetismo ordenando a bússola, onde ela sempre irá apontar para o pólo norte geográfico sul da Terra. Onde o magnetismo sempre atrai o lado oposto do seu imã, norte atrai sul e vice-versa. Existem dois tipos de pólos: geográfico e magnético.
Pólo Geográfico: São os pólos extremos da Terra, Norte e Sul, no qual possuem seu centro definido pelo eixo de movimentação da rotação terrestre. Os pólos geográficos não variam suas medidas, são sempre fixos e são pontos onde ocorre o encontro dos meridianos.
Pólo Magnético: São zonas terrestres que possuem maior intensidade no magnetismo,essas zonas podem variar com o passar do tempo, a presença de minerais diferenciados no solo pode interferir na indicação da bússola para o norte geográfico, também interferido nas zonas de magnetismo essa interferência é chamada de declinação magnética, que é a diferença em medidas de graus onde é identificado pelo norte magnético terreno e norte geográfico, a determinação é feita pelo eixo de rotação terrestre, existem tabelas que demonstram dessa declinação em cada local e período. A declinação do Ceará é 21º para a esquerda.  Assim podemos se situar com o termo "Norte Magnético", onde a bússola aponta para um pólo magnético.

Azimutes:
Para facilitar a orientação, existem ferramentas que auxiliam a determinação das direções e localização. Azimute é uma medida de direção horizontal, interpretadas em graus, que aponta para o norte da Terra. Há três formas de azimutes: o magnético, onde a direção é apontada para a bússola. O azimute geográfico, no qual tem medição em direção ao pólo norte e o azimute cartográfico tem medição com base da orientação das linhas verticais do mapa. As medidas de azimute variam de 0º a 360º, feitas em quadrantes, que é a quarta parte de uma circunferência. O mergulho usa mais o azimute magnético, pelo uso de localização e direção submersos possam confundir o ser humano, assim o uso da bússola se faz total necessária para traçar a rota de mergulho com segurança. 

Com o avançar o mergulhador vai adquirindo experiência e assim ele pode usufruir das paisagens aquáticas pois já está mais experiente em relação como a direção se comporta debaixo d'água, observando a bússola em intervalos de consulta. As formas de orientação auxiliam o mergulhador, em seu planejamento de mergulho e navegação para o ponto de mergulho, é muito importante a compreensão e o uso de forma correta dessas ferramentas em seus locais devidos, para que você não se depare com alguma situação de falta de orientação em Terra ou água. 

No Mar do Ceará oferencemos cursos que apresentam o equipamento e técnicas de orientação como o Open Water Diver (curso de mergulho básico) e o Advanced Open Water Diver (curso de mergulho avançado), entre em contato para mais informações!

Referências:

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

O que são Algas Urtigantes?

Por João Ravelly

Diversidade de Cnidários.
O filo Cnidaria corresponde ao grupo que engloba as conhecidas “Algas urticantes”, as hidras, as caravelas portuguesas, os corais, as anêmonas e as águas-vivas. São animais aquáticos com dez mil espécies marinhas e cerca de vinte espécies representantes de água doce; destes, quatrocentos e setenta marinhos e somente sete de água doce são encontrados no Brasil.

 Apresentam duas formas corporais típicas: Pólipo e Medusa. Os Pólipos são tubulares, possuem boca cercada por tentáculos, podendo ser solitários ou viver em colônias e são os organismos sésseis. Enquanto que as Medusas apresentam forma que se assemelha a um sino, com tentáculos, possuindo capacidade de locomoção ao impulsionar a água do meio para mover seu corpo lentamente, como vemos em águas-vivas. Grande parte dos cnidários possui muda entre medusa e pólipo durante seu desenvolvimento, sendo uma dessas formas dominante.


Descrição
Formas de Pólipo e Medusa.
Seu nome deriva do grego (Knide = irritante), são animais que apresentam uma estrutura chamada de ‘Cnidócito’ que corresponde a uma cápsula que armazena um filamento chamado de ‘Nematocisto’. No nematocisto encontra-se uma substancia que gera irritação quando em contato com a pele. O cnidócito é acionado rapidamente por contato, sendo caracterizado como uma estrutura de defesa do animal, podendo estar relacionado também com a captura de alimento quando apresenta substância adesiva ao invés de urticante.

Cnidócito acionado ao ser pressionado
e liberando substância urticante.
São animais relativamente simples, mas não podemos desvalorizá-los, pois apresentam um sistema nervoso difuso em todo seu corpo com estruturas sensoriais para percepção do meio, como Estatocistos, responsáveis por manutenção do equilíbrio, e Ocelos, estruturas fotossensíveis. Apresentam também sistema muscular com duas camadas de fibras musculares que são importantes para movimentação do indivíduo. Quanto à reprodução eles podem se reproduzir a partir da produção de gametas que podem ser liberados na coluna d’água ou por meio de brotamento, quando o indivíduo gera uma cópia de si em seu próprio corpo para depois liberar.

Esse filo apresenta uma grande diversidade de representantes, sendo subdividido em cinco outros grupos menores, a saber: Hydrozoa, que corresponde às hidras e caravelas; Scyphozoa, correspondendo as grandes medusas/águas-vivas; Antozoa, os corais e as anêmonas do mar; Staurozoa, as medusas que possuem pedúnculo, e Cubozoa, as águas-vivas normais.

Diversidade de Cnidários. Os dois da margem superior são comuns no litoral cearense.

Os cnidários são carnívoros e se alimentam de pequenos outros animais presentes na água, podendo ser peixes, pequenos mariscos; de forma que usam os tentáculos para captá-los e introduzi-los em sua cavidade gástrica para que ocorra a digestão.

Alguns animais utilizam pólipos sésseis de cnidários para defesa, colocando-os sobre si mesmo para evitar que predadores os ataquem, em troca os pólipos são deslocados de um lugar para outro. Outros, como o conhecido Peixe-Palhaço, se protegem entre os tentáculos das anêmonas, enquanto as protege do peixe-borboleta.

Acidentes e Primeiros Socorros
Anualmente ocorrem diversos acidentes envolvendo cnidários. Parte deles é por falta de informação. Muitas pessoas não sabem que os tentáculos de águas-vivas e caravelas podem ser maiores que o próprio animal, ou mesmo não sabem identificar um cnidário e acabam tocando em um animal colorido e se machucando gravemente.

Em caso de acidentes com cnidários recomenda-se lavar com água do mar e/ou realizar compressas com água do mar preferencialmente gelada; não utilizar água-doce, pois a mesma provoca o disparo dos nematocistos ainda aderidos ao corpo; retirar cuidadosamente com o auxílio de algum objeto os pedaços dos tentáculos se ainda estiverem aderidos ao corpo, nunca diretamente com a mão, evitando pressioná-los; aplicar vinagre, pois aliviará as dores e a inflamação, além de inativar a toxina residual dos nematocistos ainda não disparados, e nunca lave a área atingida com urina!

É importante entender que os cnidários apresentam grande papel para o ecossistema aquático, seja marinho ou de água doce, principalmente por suas relações com outros indivíduos; e que apenas se defendem ao contato, por isso é importante evitar tocar indiscriminadamente em qualquer coisa que vemos no mar, lembre-se: os animais mais perigosos tendem a ser bonitinhos e coloridinhos ou feiosos e com cores vibrantes.
Medusa com longos tentáculos.
Caravela-Portuguesa na água com tentáculos submersos. 
Caravela-Portuguesa encalhada na areia. (Atenção: mesmo que o animal esteja aparentando estar morto, não entre em contato pois sei cnidócitos ainda podem estar carregados)
Coral em desenvolvimento.
Diversidade de Cnidários: hidrozoa marinho.
Diversidade de Cnidários: Hydra fusca.
Diversidade de Cnidários: Hydra litorallis.
Octocorallia, tipo de cnidário, no porto do pecém.

Nota do Editor
São muitas vezes confundidos com algas visto que algumas espécies de vida séssil possuem forma semelhante às algas marinhas. Cnidários urtigantes séssis são observados em todo o litoral cearense sendo muito comuns em naufrágios. No entanto, quando a vítima não é alergica o efeito da peçonha é passageiro.

Fontes:
Livro - Zoologia dos Invertebrados Barnes, Robert D. - Ruppert, Edward E. - Fox, Richard S.;
*As imagens e vídeos foram retirados da internet e todos os direitos devem ser atribuídos à seus idealizadores.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Corais: como vivem e por que estão sofrendo branqueamento?

Mergulhador junto a corais e esponjas em Natal, RN.
Os Corais
São animais do filo dos Cnidários e do táxon Anthozoa. O nome desse filo veio da palavra knide que tem origem no latim e significa urtiga (o que remete a característica dos animais desse filo provocarem "queimaduras") e além de ser o filo dos corais, é o filo dos polipos, medusas, anêmonas, caravelas e de outros animais. O táxon dos Anthozoa ou "Animais-flor" é uma subdivisão dos Cnidários e é a classe dos corais, anêmonas, gorgônias entre outros tipos de animais.
Polychaeta sobre um conjunto de corais

Os corais são carnívoros oportunistas (capturam as presas quando elas nadam ou derivam em contato com eles) e podem se reproduzir de forma clonal, por brotamento ou fragmentação. Portanto, se um mergulhador que não controla a sua flutuabilidade ou não possui consciência ecológica, quebra os corais ao entrar em contato com eles, estará prejudicando a reprodução desse animal.

Um recife de coral não é formado apenas por corais, mas por um conjunto de seres vivos que vivem associados à outros animais e fazem com que o recife seja um ecossistema altamente complexo e rico em vida marinha. Os corais secretam um exoesqueleto de carbonato de cálcio (aragonita), o que faz com que o recife esteja sempre sobre uma "grande rocha".

Enquanto uma colônia de corais está viva, carbonato de cálcio novo é depositado abaixo dos tecidos vivos. Essa deposição aumenta o diâmetro e a espessura do exoesqueleto do coral, o que faz com que o tamanho do recife aumente.

A deposição de carbonato de cálcio e o crescimento do animal variam diária e sazonalmente com a temperatura e com a luz. Assim, muitos corais exibem faixas de crescimento sazonais como os anéis das árvores, que podem ser evidenciados em imagens de radiografia que determinam a idade e a taxa de crescimento do ser vivo. Muitos corais crescem somente 0,3 a 2,0 centímetros por ano. Os corais normalmente são encontrados em ambientes de águas rasas nos trópicos, ensolaradas e pobres em nutrientes.

Alguns desses animais realizam mutualismo (associação entre dois seres vivos que gera benefício aos dois) com algas fazendo com que os corais fiquem com a tonalidade desses organismos fotossintetizantes, as algas oferecem derivados da fotossíntese e oxigênio ao coral em troca de habitat protetor e nutrientes como fosfato (PO4), amônia (NH3) e gás carbônico (CO2).

Mergulhador e coral no Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio.


O Branqueamento
Em condições adversas, esses animais expelem parte ou todas as algas que estão associadas. Com a perda das algas pigmentadas, o esqueleto calcário branco é, então, visível através do tecido transparente, e é dito que o coral sofreu branqueamento. Os estresses causadores do branqueamento podem ser sub ou sobre iluminação, excesso de exposição UV, flutuação de salinidade e mudanças de temperatura.

Em razão de muitos corais viverem em temperaturas da água perto do limite superior letal, uma elevação de temperatura de apenas 1°C pode ser suficiente para induzir o branqueamento. Episódios extensos de branqueamento de corais, registrados nos últimos 20 anos, podem ser ligados ao efeito estufa.

O branqueamento de um coral não é sempre completo e não resulta sempre na mortalidade do coral, especialmente se o período de tensão ambiental não for prolongado.

Apesar de belos, esses animais podem ferir o ser humano devido a presença de estruturas chamadas de coanócitos que provocam as "queimaduras" características do filo desse animal. Diante disso, nunca pegue em corais pois você pode se machucar ou machucar o animal.

Fotos:
Marcus Davis

Referências:
  • Zoologia dos Invertebrados de Ruppert, Edward E. 7° edição, 2005
  • Ecologia: De Indivíduos a Ecossistemas de Begon, Michael 4° edição